Garantir maior qualidade de vida para as aves do Parque Zoobotânico Mangal das Garças é o principal foco dos profissionais que atuam no local. A montagem de uma nova ilha de aves, por exemplo, mostra o cuidado com o bem-estar dos animais que vivem soltos, livres do aprisionamento de gaiolas, a exemplo de dois tucanos, duas araras, chamadas Marcinho e Linda, e também da ave conhecida como “cabeça-seca”. Todos resgatados do tráfico ilegal de animais. Uma iniciativa que cria um ecossistema e garante maior diversidade de espécies da floresta amazônica no Mangal.
“Estamos construindo um ambiente de imersão, o que é muito legal para os visitantes, porque ficam mais próximos das aves, mas é melhor ainda para os animais, porque possibilita que eles expressem comportamentos naturais”, explicou o médico veterinário do Mangal das Garças, Camilo Gonzalez.
Gonzalez acrescentou que os profissionais do Parque Zoobotânico dedicam-se “para aumentar o leque de opções deles (bichos), por exemplo, as aves podem subir até a ponta da árvore, se esconder no recinto, ficar no chão, podem ir até o lago se quiserem. Temos diversas árvores, com diferentes texturas para que eles explorem e tenham a liberdade de escolher o que fazer”.
A nova ilha de aves está sendo montada no antigo recinto do Tuiuiú, após a morte do animal. Por ser uma espécie territorialista e de grandes dimensões, a ave não permitia a interação com outras espécies. E essa configura a nova proposta da ilha: exibir a realidade dos ecossistemas, no contexto adequado, com maior interação.
“Integrar animais, que se encontrariam normalmente na floresta amazônica, com diferentes funções ecológicas, é muito rico para os animais e para os visitantes. Nós conseguimos mostrar a beleza dos animais, que formam uma representação do ecossistema. As pessoas ficam encantadas. Queremos construir uma sociedade que respeita mais a biodiversidade e fortalecer a educação ambiental”, ressalta Camilo Gonzalez.
Na próxima semana, mais um tucano de bico preto deve estar apto a integrar a nova ilha. O animal, que foi abandonado, tem cerca de seis meses e recebeu os primeiros cuidados pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio). A ave segue sob cuidados da equipe do Mangal e aguarda o início do processo de adaptação gradativa ao novo ambiente.
PRAINHA PARA AS AVES
Será construída uma espécie de prainha nas proximidades da nova ilha para que as três espécies de marrecas, reproduzidas no parque, possam usufruir de um bom banho em dias de maior calor. O veterinário explica que será um espaço muito visível aos visitantes, mas não muito próximo, respeitando uma distância prudente, para as aves não se sentirem incomodadas.
CABEÇA-SECA
A ave “Cabeça-seca” é um dos destaques da ilha. O animal, que chegou há cerca de um mês, era criado ilegalmente em um quintal junto a galinhas, no município de Curuçá, no nordeste do estado. A Secretaria municipal de Meio Ambiente acionou a equipe do Mangal para garantir o bem-estar da ave.
“Ele perdeu o instinto, a capacidade de caçar e interagir com outros animais da mesma espécie. Não poderíamos liberar ele na vida livre, porque não sobreviveria. Então houve uma mobilização para trazê-lo e então ele cumprirá outra função, não é a função ecológica principal, mas ele vai educar pessoas e contribuir para a educação ambiental”, informou o médico veterinário.
A Cabeça-seca era uma das aves aquáticas mais comuns da Amazônia, mas teve seu número reduzido devido à caça.
Fonte: Agência Pará – Foto: Rodrigo Pinheiro